Roberto Hunoff, de Caxias do Sul Após três anos consecutivos de queda, que reduziram em mais da metade o faturamento, a indústria metalúrgica de Caxias do Sul terá alta próxima a 4,5% em 2017 na comparação com 2016.
A projeção da diretoria do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) é que o ano se encerre com vendas na ordem de R$ 11,7 bilhões. No acumulado de nove meses, o resultado de R$ 8,8 bilhões é 4,11% superior ao mesmo período do ano passado. No entanto, em 12 meses, o setor registra declínio de 3,04%. “Este último trimestre tem se mostrado bem aquecido, o que nos leva a confiar na consolidação deste movimento ao longo de 2018”, projetou o presidente Reomar Slaviero.
Até o momento, segundo ele, o desempenho tem oscilado muito. O dirigente não acredita que o setor volte, no médio prazo, a ter vendas de R$ 24 bilhões, como as registradas no período de 2010 a 2013. Para ele, foram desempenhos anormais e artificiais em decorrência de uma política de juros muito baixos, que levaram a compras até mesmo desnecessárias. E estima que valores médios, na casa dos R$ 15 bilhões aos R$ 19 bilhões, consolidados em 2007 e que representariam situação normal para o setor, somente deverão ser possíveis dentro de dois a três anos.
A crise do último triênio deixará marcas profundas na indústria metalúrgica de Caxias do Sul. A mais crítica é a redução superior a 20 mil empregos, que dificilmente serão recuperados nos próximos anos.
Em janeiro de 2012, o setor empregava perto de 54 mil pessoas; em setembro passado eram 33,7 mil. Reomar Slaviero afirmou que ainda é possível crescer o número de demissões, antes que se retomem contratações mais consistentes. Isto se deve ao fato de que muitas empresas, em especial as de pequeno porte, estão sem recursos para demitir e pagar as indenizações, o que pode mudar com a retomada dos negócios.
O aumento do quadro a números semelhantes aos do passado também esbarra na nova política empresarial de investir na automatização, aprendizado que veio com a crise e de exemplo externo, segundo Slaviero. “Precisamos aprender com os chineses, que passaram por situações piores que a nossa.
Hoje eles dominam o mundo, com adoção de novos processos, produção enxuta, estruturas industriais menores e menos funcionários”, indicou. Outra marca da crise é o fechamento de aproximadamente 500 indústrias do segmento.
A maioria de micro e pequeno porte, surgidas a partir de 2014, quando foi registrado o maior número de criação de empresas. “Não há dados concretos sobre os segmentos que mais sofreram com o fechamento de empresas, mas em todas as áreas da atividade metalúrgica tivemos a dissolução de negócios”, lamentou.
A atividade metalmecânica aumentou, nos últimos sete anos, em 10 pontos, para 22%, a sua participação no faturamento total da indústria metalúrgica de Caxias do Sul. No segmento estão representadas, principalmente as empresas fabricantes de máquinas e de cutelaria, estas com quase nenhuma dependência de financiamentos para a venda de produtos. Situação oposta da atividade automotiva pesada, que depende de recursos públicos, em especial do Bndes. “O subsídio honesto e aplicado na produção é importante para incentivar o setor de bens de capital”, defendeu Reomar Slaviero, presidente do Simecs.
FONTE: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/11/economia/595360-industria-metalurgica-tera-crescimento-neste-ano.html